quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Livro 16 - Yolanda


Livro 16 - Yolanda - Antonio Bivar

Em 2004 a Rede Globo colocou no ar a minissérie Um Só Coração, escrita por Maria Adelaide Amaral, em homenagem aos 450 anos da cidade de São Paulo. O papel de Yolanda Penteado ficou com a atriz Ana Paula Arósio. Na trama há romances fictícios, pois a família de seu primeiro marido, Jayme da Silva Telles, não autorizou a aparição do mesmo na trama. Já seu segundo marido, Ciccillo Matarazzo, foi interpretado pelo ator Edson Celulari.

Não lembro da minissérie, acho que assisti somente alguns capítulos, mas lendo a biografia de Yolanda, escrita pelo dramaturgo e escritor Antonio Bivar, posso dizer que a vida da verdadeira Yolanda extrapola e muito a minissérie, quiçá qualquer obra de ficção.

Yolanda gostava de dizer que era descendente direta dos primeiros portugueses que aqui chegaram juntamente com índias - "mancebos portugueses e raparigas 100% índias".

Ela era muito apegada à mãe, talvez porque fosse um pouco temporã, e ouviu de dona Guiomar o seguinte conselho: "minha filha, desaforo a gente não leva para casa". Isso talvez tenha refletido em muito na personalidade marcante de Yolanda. Outro "lema", por assim dizer, é "tudo na vida é questão de tempo".

Uma curiosidade de sua "vida amorosa": recusou pedidos de casamento de Santos-Dumont e de Assis Chateaubriand. Foi amiga do último até a morte deste.

Agora a pergunta: o que Yolanda tem a ver com uma minissérie sobre os 450 anos de São Paulo? Yolanda era uma pessoa que tinha o que chamavam de "it" (sim, termo usado hoje em dia). Não se dizia carisma, se dizia "it".

Ela tem um papel fundamental na implantação de São Paulo como capital cultural do país. Ela, juntamente com Ciccillo Matarazzo, implantaram museus, doaram obras importantíssimas para os mesmos, conviveu com artistas como Di Cavalcanti (que pintou um retrato seu) e Pablo Picasso.

Outra façanha feita foi a "criação" da Bienal de São Paulo. Yolanda era uma "embaixatriz" sem cargo do Brasil. Com sua coragem e determinação, conseguia os contatos certos, e consequentemento, o que queria.

Ela tinha como protegidas Eliana Lage (que trabalhou como atriz em alguns filmes da Vera Cruz e depois virou fazendeira como a própria Yolanda) e também Costanza Pascolato.

Uma curiosidade: o pai de Costanza ficou hospedado, em Veneza, na casa do Conde Matarazzo, que o convenceu a vir para o Brasil ao invés de ir para a... Argentina! Costança contou à Antonio Bivar que, como na época não era de "bom-tom" repetir roupas, ganhava muitas coisas da Yolanda, legítimos vestidos griffados.

Yolanda tinha savoir-faire. Transitava entre os empregados de sua fazenda (onde plantou de café a cana de açúcar, passando por criação de bicho da seda) até a alta sociedade e artistas.

Empreendedora, a frente de seu tempo, Yolanda era realmente "IT".

Nenhum comentário:

Postar um comentário