segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Livro 6 - A Arte de Amar



A Arte de Amar - Erich Fromm - 158 páginas

Erich Fromm foi um psicanalista alemão, além de filósofo e sociólogo. Erich nasceu em 23/03/1900 e faleceu em 18/03/1980. Sim. Ele é "antigo", contemporâneo de Freud. Mas seu livro A Arte de Amar continua tão ou mais atual do que quando foi escrito e lançado, em 1956.

Erich cita a obra Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, escrito em 1932. O livro, considerado uma "ficção científica", também é um livro que está mais atual do que nunca. O próprio autor, Huxley, falou que não esperava ver nada do que ele tinha escrito acontecer, achando que somente sua neta viveria. E ele viu e testemunhou uma sociedade "moderna": "...bem alimentado, bem trajado, sexualmente satisfeito, e contudo sem personalidade, sem qualquer contato com seus semelhantes a não ser o mais superficial...." (página 105).

Tudo isso para explicar o amor? Erich demonstra como a maioria das pessoas se prendem à idéia de ser amado, muito mais do que amar, sendo que amar exige conhecimento e esforço, não é um sentimento, mas, sim, uma decisão. Ser amável ou ser "objeto de amor" significa, segundo o autor, a ser popular e sexualmente atraente, traduzindo, ou adicionando, a fantasia do amor romântico. Ter valor é igual a ter, e não a ser.

O homem na sociedade busca união com seus semelhantes, mas aí está o "engano". Unir-se pode significar somente "existir com": "se sou como todos o s mais se não tenho sentimentos ou pensamentos que me façam diferentes, se estou em conformidade com os costumes, idéias, vestes, padrões do grupo, estou salvo; salvei-me da terrível experiência da solidão" (página 23)

Alienando-se de si mesmo, de seus semelhantes e da natureza, o homem substitui a passividade por compras, bebidas, cigarro, sexo, e qualquer outra tentativa de preencher o vazio criado dentro de si. Vejamos o que o autor fala: "o capitalismo moderno necessita de homens que cooperem sem atrito e em amplo número; que queiram consumir cada vez mais; e cujos gostos sejam padronizados e possam ser facilmente influenciados e previstos" (página 104).

Entrando em vários aspectos do amor (fraternal, erótico, mãe/filho, Deus, amor próprio), o autor explica que o amor "maduro" é a "união sob a condição de preservar a integridade própria, a própria individualidade, é uma fora ativa no homem" (página 32), ou seja, é necessário conhecer a si próprio e a outra pessoa objetivamente, a fim de se superar as ilusões e amar realmente, conhecendo o outro em sua essência.

Destes quase 50 anos que nos separam do lançamento do livro, é uma tristeza perceber que ainda estamos presos a ilusões e padrões infantis nos relacionamentos. Quem deseja dar um passo à frente, mesmo que discorde de vários pontos colocados pelo autor (sobre Deus, por exemplo) em como "evoluir" e "amadurecer", é um livro mais do que indicado.

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